Quando você anda pela rua, você percebe os ruídos que ouve? Do ronco do motor de um carro a um sussurro de uma pessoa para outra, tudo produz uma grande poluição sonora que vem crescendo a cada dia. Isso porque a audição acabou sendo deixada em segundo plano e a visão se tornou o sentido dominante.
De acordo com Julian Treasure, em seu livro Sound Business, há uma explicação lógica para isso. Tomando como base o Yin e Yang da cultura oriental, podemos perceber a grande diferença entre esses dois sentidos tão essenciais ao dia a dia. “Yang é criativo, energético, masculino; representa o dia, a luz, o calor e a força. Yin é receptivo, passivo, feminino; representa a noite, a escuridão, o frio e a submissão.”, diz Treasure. Estabelecendo um comparativo entre esses dois lados de uma mesma moeda, podemos relacionar a visão ao Yang e a audição ao Yin. O autor ainda completa “Até mesmo nossa relação com o som se tornou yang: somos uma cultura que prefere falar do que ouvir, contar ao invés de aprender, fazer barulho do que experienciar o silêncio”.
A criação da escrita e o desenvolvimento dos métodos de gravação e da Internet também favoreceram para que deixássemos a escuta um pouco de lado. Pensemos juntos: escrevendo, não precisamos ouvir cuidadosamente cada palavra para entendermos com clareza aquilo que nos está sendo dito. Se nos utilizarmos de gravações ou da Internet, posteriormente podemos verificar qualquer informação que foi perdida.
Após a Revolução Industrial, o ruído do maquinário se tornou tão presente em nossas vidas, que passamos a não nota-lo mais. Com o tempo, esse ruído se intensificou e ganhou novos componentes, agora integrando ruídos mecânicos e eletromecânicos a esta grande massa de poluição sonora, ou seja, apesar de sabermos que esses ruídos estão no nosso dia a dia, nosso subconsciente faz com que não nos incomodemos mais. Mas, infelizmente, se pudéssemos ver toda essa poluição sonora, a história seria bem diferente.